No CCB
Há pouco mais de um ano, tinha eu carta há semanas e já pouca paciência para cumprir as regras do parar, passei um vermelho. Era de noite, e achei que já não vinha ninguém. Continuei o percurso, um dos primeiros que aprendi de cor, e reparei que se encostara um carro ao meu lado esquerdo. Uma rapariga abrira o seu vidro e encolhera-se para que o condutor se pudesse aproximar da janela para me falar. Você reparou no que fez? - disse, de voz morna mas com pressão - passou o vermelho. Se eu não tivesse parado, tínhamos chocado. Já viu o que podia ter acontecido? Tenha mais calma daqui para a frente. De volta a mim, que entretanto abrira o vidro enquanto me preparara para negar tudo e ainda o culpar de qualquer coisa que me lembrasse, arrumei as primeiras letras que me saíram e mandei fora as outras. Foi um momento desarmante. Ontem, estava eu na fila da cafetaria do ccb para pedir uma bica, e vi uma mulher com uma beleza desarmante - levei a bica para a esplanada e li uma boa parte do meu Gente Independente do Laxness. Li inclusivamente uma frase que dizia que o Sol brilhava com mais força que o passado. Mas, naquele momento, não tinha como me alhear e culpar (do formigueiro) aquela beleza da sua própria mulher, que não me pôs em risco e não é lasciva, antes eu quase a atropelara com vontade de ler o meu livro sozinho e beber um café. A maioria das pessoas não a acharia assim tão gira, eu não me sinto angustiado de não a ter, ela é desarmantemente bonita.
O político declara que não tem nada a ver com o caso de corrupção que sai nas notícias, e, até prova em contrário, é inocente. Há aqui uma simetria desarmante.
1 Comments:
assobia para o lado :D
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