Tuesday, June 13, 2006

Sísifo

Uma das cláusulas mais bem escondidas deste contrato é que trabalhar empobrece. Por mais dinheiro que ganhemos, não recuperamos a capacidade de estremecermos nas duas pontas de um relacionamento amoroso: no começo e no fim. A alegria e a tristeza concentram-se, amassam-se, cabem dentro de uma mão e atiram-se para longe porque precisamos de parecer bem. E ficamos bem. Dizem que não, que isto é tudo parte do crescimento, porque se recusam a ponderar o tanto que perdemos - é inimaginável. O silêncio dos labirintos, a luz numa clarabóia de um prédio abandonado em Lisboa, as seis da tarde (a luz desaparece devagarinho, mas ainda não é noite). Nunca mais.

O pior é que, por mais anos que trabalhemos, não conseguimos pagar os anos que trabalhamos.

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